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O som tá bem alto aqui, aquela música que era nossa tocando no fundo do peito, eu não desligo sabe-se lá o porquê, acho que estou enlouquecendo, buscando razões para ser infeliz, para sofrer por nada.
A sua vibe é outra agora, talvez até as músicas preferidas tenham mudado, vai que de românticas cê passou pro rock pesado, eu não sei mais sobre você, acho que nem sobre mim.

Talvez os vizinhos reclamem do barulho, ou da minha voz desafinada, mas eu não me importo, porque a dor tá saindo e cada vez mais parece que o rádio me entende, mais do que eu mesma.
E quando a madrugada se estender eu mudo pro fone de ouvido, mas o rádio ainda tá cuspindo o som, queimando como o fogo nas mãos, eu não fujo porque seria fugir de mim e isso não vai acontecer.

Eu to concentrada em apagar cada traço seu da minha memória, e a música ajuda, enquanto ela é o pano de fundo eu sigo rasgando as nossas fotos e queimando na lareira, eu to te apagando de mim como você fez, e o rádio toca as canções certas, parece que sabe, que cada vez que eu te apago mais um pouco eu me despedaço, pra poder me refazer.