Des(amar)?

Photo by Robert Zunikoff on Unsplash

Eu era rio de desaguar chuva, curso tranquilo e despretensioso de quem vive uma primavera de cada vez, mas cê achou que eu era rio de des(amar) e fez do meu curso inverno doloroso e agitado, águas turvas que me enganaram na infinidade, eu, que era lugar de descanso, virei casa bagunçada, veio a chuva forte e me derrubou.

Como pôde me fazer tão distante de quem eu era, e sou? Como pôde me fazer sentir tão estranho em meio a tudo aquilo que já conheci? Meus prantos não são mais de alegria pelo nascimento de uma nova flor no caminho, são da tristeza de morrer afogado pelo labirinto que eu mesmo criei pra mim sem reconhecer minha própria face no espelho.

Não me obrigue a desaguar em outro canto, que história é essa de des(amar) um ser tão longe? Não quero olhar teus olhos ciganos em meu caminho, e perder como ao pescador num canto ouvido, quero saber que quando voltar a primavera eu ainda estarei por inteiro, e essas pontas soltar vão cerrar com o tempo, contanto que não lacerem e causem danos permanentes, eu deságuo, eu des(amo).


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