Quando eu conheci você eu soube que não era pra ser, seus olhos não brilharam, as palavras saíram meio no automático, eu sei, não te culpo por isso, fui eu que fantasiei algo inexistente, eu que deveria ter aberto os olhos mais cedo, seria mais fácil, menos dolorido.

Te deixei me cativar, cuidar das feridas anteriores e escrever um novo conto na parede já muito rabiscada pelo tempo, eu permiti que você se infiltrasse nos pensamentos mais profundos e nos receios mais obscuros da minha mente, para que soubesse quem eu sou e entendesse que não faço é de propósito.

Confiei em todas as promessas, que hoje se encontram quebradas pelo chão, como cacos que espetam a alma cheia de planos inseguros por um futuro em que você não persiste, pedaços de história que se perderam pelo ar, numa incessante espiral de momentos incompletos.

Hoje eu olho sua foto, refletida numa tela sem vida, você parece o mesmo, o traço do sorriso talvez tenha mudado, não sei se para melhor ou pior, não sei entender o que aconteceu no exato momento em que nossas palavras se perderam, não sei definir o que aconteceu no meio desse caminho, só sei que abrir os olhos tirou minha cegueira temporária, eu vi que nem sempre o destino deixa junto da gente quem a gente acha que deveria ficar, mas a vida faz questão de mostrar que somos fortes para seguir em frente, sempre conseguimos nos levantar.