Poetá


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Antes de o tempo virar pó e das estradas do mundo esmorecerem, antes do relógio parar no ponteiro das horas e o dia congelar eu ainda pretendo ser poeta. Antes de os arranhados cicatrizarem e as lágrimas secarem no vale que seria esperança, ainda deixarei a escrita me possuir em sua imensidão, não há escape em ser poeta, não é possível dizer não.

Porque poeta nasce,cresce, vive e morre poesia, o ar que inala é de tintas e papéis castigados pelo tempo, seu sangue é cor de caneta e seus olhos refletem o mundo, nada é mais importante do que escrever, deixar marcado em algum canto aquilo que a alma está cheia, mesmo que a marca seja apenas em nós mesmos.

Poetá, eis meu nome não imaculado pelo tempo e pelas pessoas, ninguém sabe quem eu sou, ninguém nunca irá perceber, porque antes de o tempo virar pó e todas essas outras coisas, eu ainda pretendo ser poeta, não posso mudar a essência que me tomou, espero que saibas que não há nada de errado em ser esse poetá, porque enquanto o mundo some e se fragmenta, suas palavras ainda vão sobreviver...

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