Em algum canto

Photo by Adam Kring on Unsplash

Sinto que não sou mais o mesmo, há tudo de bagunça e caos aqui dentro, as teclas da minha máquina de escrever parecem borradas e distantes, não abro mais a cortina, o sol cega minha alma, por dentro eu sou escuridão retumbante e intangível, não consigo me achar, estou perdido.

Sei que em algum canto sobrou algo de mim, um riso ou um olhar maroto, um sonho ainda por realizar, a ode que eu fiz a um grande amor ou uma chuva de sentimentos que eu não saberia explicar, mas não sei onde está esse canto, hoje eu sou labirinto e quanto mais eu percorro, mais eu me perco, sinto que me afogarei em breve, talvez nas palavras nunca ditas.

Não sou mais o mesmo ser, eu não descanso, eu não observo, eu só sintonizo em apatia demorada e olhos vazios de mundo, perdi-me de mim mesmo na vã esperança de me achar, não me olho mais no espelho porque não me reconheço, eu não uso talheres porque eles refletem esse outro eu, não mostram meu canto perdido, não me guiam em direção a luz, e eu estou aqui, num lugar que não sei como se chama, mas não é lar.

Em algum canto sei que hei de retornar, talvez quando conseguir derrubar esses muros que me cercaram e puser fim ao labirinto, ou quando eu tiver desistido de tudo e aceitado o que o destino me impôs, sei que ouvirás falar de mim, em algum momento, em algum canto, do poeta que perdeu a si mesmo e que aprendeu a ser só.

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