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Eu ando sem rumo no meio de uma multidão que não me enxerga, não sei nem se enxergam a si mesmas, mas eu ando por ela de cabeça baixa, observando cada olhar triste, cada riso disfarçado ao ler a mensagem no celular, cada mente que parece longe de onde deve estar, eu vejo corpos que se deslocam, mas há pessoas que parecem não viver...
Tenho que parar de ser tão observadora, eu sei, mas é algo que eu não controlo, como um jornalista que precisa de fatos, eu preciso de palavras e pessoas, preciso da observação constante em busca de uma inspiração, e acontece do nada, uma voz diferente, um rosto distante, mil histórias que a gente não consegue descobrir, mas que imaginamos sem ter um por quê, um coração partido, uma nova paixão, a perda de alguém importante, uma vontade de voltar para casa, pessoas completamente estranhas que, em silêncio, compartilham da mesma dor.
Eu catalogo mentalmente cada expressão, surge em mim uma infinidade de opções de escrita, eu não sei muito bem como colocá-las à sua frente, é difÃcil ser o intermediador entre a sua dor e a do próximo, não é confortável escrever sobre verdades que também são minhas e eu teimo em tentar esconder, me assusto com a incidência de fatos que nos interligam a 'n' coisas que nós não queremos expor, mas acabamos expondo com apenas um olhar, me solidarizo com isso, é por essa razão que escrevo, por entender...
Sou um andarilho das emoções, das mentes e histórias, quem dá a 'cara' a tapa para expressar o que as pessoas não tem coragem e que representa milhares de outros por aÃ, não quero honras ou glórias por isso, já é uma dor suficientemente grande ser o portador desse trabalho, mas não há escolha, eu preciso fazer isso, é a minha função, eu também represento a mim mesmo, uma folha perdida no meio do universo, e essas palavras, são o meu caminho para voltar para casa.